Xico Sá compara revogação do monitoramento do Pix com a histeria do “Chupa-Cabra”

Ao comparar o episódio ao mito do "Chupa-Cabra", o jornalista chama a atenção para um fenômeno sociológico que transcende épocas

Em uma crítica à comunicação governamental e uma reflexão sobre os perigos das fake news, o escritor e cronista Xico Sá ofereceu uma análise contundente sobre a recente revogação do ato de monitoramento do Pix pelo governo federal. “O governo viu que estragou; estava de um jeito que não tinha outra forma a não ser estancar a sangria. Me lembrou um pouco até a história do Chupa-Cabra”, afirmou ele no programa ICL Notícias 2, do qual é apresentador no canal do YouTube do ICL Notícias.

A referência ao mito do “Chupa-Cabra” – uma criatura lendária que se tornou um fenômeno midiático nos anos 1990 – aponta para um ponto central na crítica de Xico Sá: o poder das fake news em gerar histeria coletiva. Na época, histórias fantasiosas sobre o “Chupa-Cabra” provocaram pânico em comunidades rurais no Brasil, resultando em desinformação e até mesmo em ações desproporcionais de segurança.

Fake News e o Pix: o elo com o passado

De forma similar, a tentativa do governo de ampliar a transparência fiscal através do monitoramento de transações financeiras acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para jurídicas foi alvo de uma avalanche de desinformação. Boatos que distorciam a medida se espalharam rapidamente, sugerindo falsamente que pequenos usuários do Pix seriam taxados ou que o governo estaria violando sigilos bancários.

Assim como as histórias do “Chupa-Cabra” criaram uma narrativa baseada em medo e especulação, os rumores sobre o Pix mobilizaram milhares de pessoas nas redes sociais. Muitos chegaram a questionar a segurança do sistema e temeram por cobranças indevidas, o que foi explorado por golpistas que utilizaram boletos falsos para fraudes financeiras.

“Estancar a sangria”: a decisão do governo

A frase de Xico Sá também ressoa com as palavras do secreário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, que, ao anunciar a revogação da medida, reconheceu que a desinformação gerou danos significativos. Segundo ele, a revogação foi necessária para “tirar isso que virou uma arma na mão desses criminosos” e proteger a população mais vulnerável, além de garantir o sigilo bancário e a gratuidade do Pix.

A decisão do governo reflete uma tentativa de estancar a histeria criada por interpretações equivocadas e boatos. Para Xico Sá, isso demonstra que o governo subestimou o poder das fake news em distorcer narrativas e que uma estratégia mais eficaz de comunicação deveria ter sido adotada desde o início.

O “Chupa-Cabra” e as lições para o presente

Ao comparar o episódio do Pix ao mito do “Chupa-Cabra”, Xico Sá chama a atenção para um fenômeno sociológico que transcende épocas: a facilidade com que narrativas falsas ganham trâfego e alimentam comportamentos coletivos. Nos anos 1990, o “Chupa-Cabra” tornou-se um exemplo clássico de histeria coletiva em tempos analógicos. Hoje, as fake news sobre o Pix revelam como esse mesmo mecanismo é amplificado pela velocidade das redes sociais.

“Uns cachorros meio selvagens morderam uns cabritos, aquela imagem viralizou. Viralizou em tempos não de rede, mas ganhou uma proporção que fez o Brasil inteiro temer o Chupa-Cabra. Foi isso que aconteceu agora com o Pix”, completou o cronista. Para ele, tanto o “Chupa-Cabra” quanto o caso do Pix servem como lembretes de como o pânico pode ser fabricado e perpetuado na ausência de informações claras e transparência nas medidas adotadas.

A fala de Xico Sá, ainda que bem-humorada, sublinha a importância de uma comunicação pública eficaz e de uma população bem informada para evitar novos “Chupa-Cabras” digitais. Com a revogação da medida, o governo dá um passo para controlar os danos causados pelas fake news, mas fica o alerta de que a batalha contra a desinformação está longe de ser vencida.

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