Presidente mexicana Claudia Sheinbaum completa 100 dias no governo: O que mudou no país

A relação bilateral com os Estados Unidos promete ser tensa, com Trump ameaçando impor tarifas, deportações em massa e medidas contra os cartéis

Presidente mexicana Claudia Sheinbaum completa 100 dias no governo: O que mudou no país
© Reuters/Raquel Cunha

A transição política no México sob a liderança de Claudia Sheinbaum está sendo considerada uma das mais complexas e desafiadoras na história recente do país, tanto no âmbito interno quanto externo. De acordo com Carlos Pérez Ricart, Professor do Centro de Investigação e Docência Econômicas na Cidade do México, “não há antecedentes históricos recentes de um processo de transição tão complicado”.

No último domingo, Claudia Sheinbaum comemorou seus 100 dias como a primeira mulher a liderar o México, celebrando a data com um grande evento no Zócalo, a praça central da Cidade do México. Sua administração, marcada por mudanças estruturais profundas, também enfrenta desafios imensos em um cenário político e econômico complexo, intensificado pela recente eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Sheinbaum, uma cientista e ativista ambiental de carreira, fez história ao quebrar barreiras de gênero em um país onde as estruturas de poder são predominantemente masculinas. Sua vitória representa não apenas um marco político, mas também uma mensagem poderosa sobre a força e resiliência das mulheres mexicanas. No entanto, seu governo começou com grandes expectativas e pressões.

Principais Aspectos do Período

1. Polêmica com Donald Trump

A proposta do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de renomear o Golfo do México como “Golfo da América” foi recebida com sarcasmo por Sheinbaum. A presidente mexicana ironizou sugerindo que a América do Norte fosse rebatizada como “América Mexicana”, citando documentos históricos de 1814 que utilizavam essa nomenclatura. Em sua declaração, Sheinbaum destacou, em tom irônico, que “parece-me bem, não?”.

A troca de palavras reflete a postura firme de Sheinbaum frente às recentes declarações de Trump, que também sugeriu impostos severos ao México e fez críticas à gestão do país em relação aos cartéis de drogas. Sheinbaum, em resposta, reafirmou: “No México, quem manda é o povo”.

2. Reforma Estrutural e Política Doméstica

Desde a transição de Andrés Manuel López Obrador para Sheinbaum, ocorreram mudanças significativas em mais de 60 artigos da Constituição mexicana. Entre as alterações mais polêmicas está a reforma do Poder Judiciário, que prevê eleição popular para juízes, o que muitos temem que politize a justiça. Além disso, órgãos autônomos foram eliminados, e mudanças constitucionais foram blindadas contra revisões futuras.

Por outro lado, reformas relacionadas aos direitos indígenas e à igualdade de gênero receberam elogios. Programas sociais populares continuam sendo implementados, enquanto medidas como a proibição do fentanil e de vapeadores dividem opiniões.

3. Mudanças na Segurança

A presidente rompeu com a política de seu antecessor “Abrazos, no balazos” (abraços, não balas), optando por uma abordagem mais contundente contra os cartéis de drogas. Isso inclui um aumento significativo na judicialização de casos, confisco de drogas e operações cirúrgicas contra redes criminais locais. Contudo, especialistas alertam que cortes no orçamento de segurança devido a pressões fiscais representam um desafio à efetividade dessas políticas.

4. Desafios na Política Externa

A relação bilateral com os Estados Unidos promete ser tensa, com Trump ameaçando impor tarifas, deportações em massa e medidas contra os cartéis. Apesar de Sheinbaum ter demonstrado firmeza, especialistas como Pérez Ricart alertam para a necessidade de um time técnico capaz de gerir relações complexas. Outros desafios incluem as relações do México com regimes como o venezuelano, cubano e nicaraguense, que podem impactar a credibilidade internacional do país.

Futuro Incerto

Sheinbaum goza de alta popularidade interna, mas enfrenta cenários desafiadores. A crise de insegurança e as reformas estruturais que geram incertezas jurídicas são pontos de preocupação, essas medidas podem transmitir a ideia de um México menos confiável como parceiro internacional. Pérez Ricart conclui que o governo precisa equilibrar as críticas ao passado com a promoção dos próprios avanços, mas “o pior está por vir”.

Fontes: Associated Press e EuroNews

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