Um momento histórico marcou o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) no dia 19 de dezembro de 2024. Pela primeira vez, o Oṣẹ Mímọ́ Ṣàngó – Machado Sagrado de Xangô – foi oficialmente incorporado a um espaço judicial brasileiro, representando um marco no reconhecimento das tradições religiosas afro-brasileiras.
O evento, conduzido pela Ìyálaṣé Arethuza Doria de Ọya em parceria com a Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra da OAB-RJ, contou com o apoio do desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, presidente do TJRJ.
Significado do machado sagrado
Xangô, Orixá dos trovões e relâmpagos, é considerado o guardião da justiça na cultura iorubá. Seu machado de lâminas duplas simboliza equilíbrio, neutralidade e sabedoria. Para a Fundação Palmares, o símbolo representa muito mais que um objeto religioso – é um instrumento de sensibilização contra preconceitos.
“O Oṣẹ Mímọ́ Ṣàngó no Judiciário ultrapassa a dimensão cultural”, afirmou João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Palmares. “Representa a abertura da justiça brasileira às narrativas tradicionalmente ignoradas.”
Contexto histórico e cultural
A iniciativa se alinha a decisões recentes do Supremo Tribunal Federal que reconhecem a importância de símbolos religiosos em espaços públicos. Não se trata de quebrar a laicidade, mas de celebrar a multiplicidade espiritual brasileira.
Principais Participantes:
- Desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo (Presidente do TJRJ)
- Humberto Adami Santos Junior (Presidente da Comissão da Igualdade Racial)
- Mãe Márcia d’Óxum
- Arethuza Dória de Omidayè
Mais que um símbolo, o Machado de Xangô representa a luta contra o preconceito religioso e o reconhecimento das tradições afro-brasileiras que historicamente foram marginalizadas.
A Fundação Palmares reafirmou seu compromisso com a valorização das culturas afro-brasileiras, destacando que este momento simboliza a busca por um Brasil verdadeiramente plural, onde todas as crenças são respeitadas.