O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou um arrefecimento significativo em sua primeira prévia de janeiro de 2025, caindo para 0,33% após um aumento de 0,83% na mesma leitura de dezembro. Essa desaceleração reflete um ajuste nos preços ao produtor, na construção civil e em outros componentes, trazendo implicações importantes para o cenário econômico brasileiro. Neste artigo, vamos explorar os fatores que contribuíram para essa mudança, os impactos nos setores produtivos e o que esperar para os próximos meses.
O que é o IGP-M e por que ele é importante?
O IGP-M é um indicador de preços calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e amplamente utilizado como referência para reajustes contratuais, incluindo aluguel, tarifas de energia elétrica e planos de saúde. Ele é composto por três subíndices:
- Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M): Com peso de 60%, reflete a variação nos preços de produtos agropecuários e industriais no atacado.
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M): Representa 30% do índice e mede a inflação percebida pelas famílias com renda entre 1 e 33 salários mínimos.
- Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M): Com peso de 10%, avalia os custos de materiais, mão de obra e serviços na construção civil.
Por ser um índice amplo, o IGP-M serve como termômetro para diversos setores da economia, indicando tendências inflacionárias e ajudando a guiar políticas monetárias e decisões empresariais.
Desaceleração no IPA-M e seu significado
O principal motor da desaceleração do IGP-M foi a queda no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), que passou de 1,09% em dezembro para 0,31% na primeira prévia de janeiro. Essa redução foi influenciada por uma série de fatores:
1. Queda nos preços das commodities
Commodities como petróleo, soja e minério de ferro apresentaram quedas nos preços internacionais devido a ajustes na demanda global, especialmente pela desaceleração econômica da China e sinais de estabilização nos Estados Unidos. Esses movimentos impactaram diretamente os preços no atacado no Brasil.
2. Reajustes cambiais
A valorização do real frente ao dólar no final de 2024 contribuiu para aliviar a pressão sobre os custos de importação de insumos e produtos intermediários, beneficiando especialmente a indústria brasileira.
3. Melhora nas cadeias de suprimentos
Após anos de interrupções causadas pela pandemia e conflitos geopolíticos, as cadeias globais de suprimentos se normalizaram, reduzindo os custos logísticos e de produção.
IPC-M: Pressões inflacionárias controladas
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) também desempenhou um papel crucial na desaceleração do IGP-M. Apesar da alta contínua dos alimentos, a estabilidade em outras categorias de consumo, como transporte e habitação, ajudou a moderar a inflação percebida pelas famílias.
Destaques no IPC-M:
- Alimentos: Produtos básicos, como carne e café, continuaram a registrar alta devido à sazonalidade e condições climáticas adversas.
- Transporte: A redução no preço dos combustíveis, resultado de ajustes no mercado internacional, trouxe alívio para os consumidores.
- Habitação: A estabilidade nos custos de energia elétrica, associada à maior produção de fontes renováveis, foi um fator positivo.
INCC-M: Construção civil enfrenta desafios
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) apresentou leve queda, de 0,52% em dezembro para 0,51% em janeiro. Esse comportamento reflete um equilíbrio entre aumentos nos preços de materiais e a estabilização nos custos de mão de obra.
Fatores que influenciaram o INCC-M:
- Materiais de construção: Após uma escalada de preços em anos anteriores, alguns insumos, como aço e cimento, começaram a apresentar quedas moderadas devido à maior oferta no mercado interno.
- Mão de obra: Apesar de negociações salariais em alta, a desaceleração no ritmo de novas obras ajudou a conter os custos gerais do setor.
Impactos no cenário econômico
A desaceleração do IGP-M traz uma série de implicações para a economia brasileira, tanto positivas quanto desafiadoras:
1. Reajustes contratuais menores
Com a redução do IGP-M, os reajustes de contratos de aluguel e tarifas indexadas a esse índice serão mais suaves, aliviando o orçamento das famílias e empresas.
2. Pressão reduzida sobre o Banco Central
Uma inflação mais controlada reduz a pressão para manter as taxas de juros elevadas, abrindo espaço para possíveis cortes na taxa Selic no futuro próximo. Isso seria um estímulo bem-vindo para a economia, especialmente para setores dependentes de crédito, como construção civil e consumo durável.
3. Desafios para exportadores
A queda nos preços das commodities pode impactar negativamente as receitas de exportação, especialmente para produtos como soja e minério de ferro, que são pilares da balança comercial brasileira.
Perspectivas para 2025
Apesar da desaceleração inicial, o cenário econômico brasileiro ainda enfrenta incertezas significativas em 2025:
- Inflação global: Os ajustes nas políticas monetárias dos principais bancos centrais, como o Federal Reserve e o Banco Central Europeu, continuarão influenciando os mercados emergentes.
- Clima: A possibilidade de eventos climáticos extremos, como El Niño, pode impactar novamente a produção agrícola e os preços dos alimentos.
- Eleições e reformas: O cenário político será crucial para definir o rumo da economia, com destaque para reformas tributárias e políticas de estímulo ao crescimento.