Em meio ao atual cenário de juros elevados no Brasil e nos Estados Unidos, especialistas ouvidos pelo portal InfoMoney destacam a importância da diversificação geográfica nos investimentos, mesmo com as taxas domésticas aparentemente mais atrativas.
Por que diversificar internacionalmente?
De acordo com Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, a diversificação internacional vai além da simples comparação de taxas de retorno. “A diversificação geográfica pode proteger o portfólio contra flutuações adversas na economia brasileira além de oferecer oportunidades de crescimento tanto em economias emergentes quanto desenvolvidas”, explica ao InfoMoney, acrescentando que “investimentos em moeda forte, como o dólar, rendendo 4-5% ao ano são extremamente interessantes”.
Oportunidades em renda fixa americana
Os títulos do Tesouro americano (Treasuries) têm chamado a atenção dos investidores. José Maria, coordenador de estratégia da Avenue, destaca um ponto importante em entrevista ao InfoMoney: “Desde a crise financeira de 2008, não víamos juros tão altos. Tivemos uma década e meia de juros muito baixos, e hoje as taxas continuam bastante atrativas, principalmente para prazos médios e longos”.
Maria também faz um alerta sobre comparações simplistas de retornos: “Comparar 5% em dólar com 10% ou 15% em real não é a mesma coisa. Até porque o ano passado a gente viu 27% de desvalorização cambial que basicamente compensou a questão do risco país”.
Perspectivas para dívida corporativa em 2025
Claudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos, compartilha com o InfoMoney sua visão sobre o mercado de dívida corporativa internacional. “A escolha de boas empresas e a análise criteriosa de sua saúde financeira e capacidade financeira é mais importante que o nível de taxa de juros oferecida”, afirma.
Oportunidades em renda variável internacional
Mariana Conegero, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, aponta em sua análise para o InfoMoney oportunidades específicas no mercado de ações americano. “Grandes empresas, como Nvidia (NVDC34), Microsoft (MSFT34) e Alphabet (GOGL34), continuam expandindo suas receitas com IA generativa e computação em nuvem”, ressalta.
Para diversificação em renda variável, Conegero sugere ETFs específicos:
- QQQ: acompanha o índice Nasdaq
- XLK: replica o desempenho do setor de tecnologia do S&P 500
- VT: foco em empresas globais
- EEM e INDA: exposição a mercados emergentes
A questão do dólar no portfólio
José Maria, da Avenue, enfatiza a importância da exposição ao dólar independentemente do cenário. “O dólar não é caro nem barato, ele deve estar sempre presente na carteira dos brasileiros”, argumenta ao InfoMoney, destacando que a especulação sobre taxas de câmbio costuma ser contraproducente.
“Há alguns meses, quando o dólar estava em R$ 5,50, muitos achavam que era caro. Agora que caiu para R$ 5,90, já dizem que está barato e que é hora de comprar. Isso mostra como as percepções variam, mas o mais importante é manter uma exposição constante à moeda”, conclui.
Diversificação é fundamental
Os especialistas consultados pelo InfoMoney são unânimes em defender a diversificação internacional como estratégia fundamental, mesmo em um cenário de juros altos no Brasil. A combinação de ativos internacionais – seja em renda fixa, variável ou exposição à moeda estrangeira – continua sendo vista como essencial para uma carteira bem estruturada, independentemente do momento de mercado.







