Bolsonaro pode ser preso? Entenda os critérios e os cenários que podem levar o ex-presidente à cadeia

Ex-presidente deve enfrentar denúncia robusta da PGR, entenda os desdobramentos

Presidente Bolsonaro Grita
Reprodução Instagram

A política brasileira está no centro de um dos episódios mais graves de sua história recente. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. A pergunta que paira no ar é: Bolsonaro pode ser preso? A resposta não é simples, mas os especialistas apontam que, dependendo dos desdobramentos do processo, o ex-presidente pode, sim, acabar atrás das grades. Vamos explorar os critérios legais e os possíveis cenários que podem levar a essa situação.

A denúncia: o que Bolsonaro está enfrentando?

A PGR acusou Bolsonaro de crimes graves, incluindo organização criminosa armadatentativa de golpe de Estadoabolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado. Essas acusações não são meras formalidades; elas carregam penas que podem somar décadas de prisão. Se condenado, Bolsonaro pode enfrentar até 28 anos de reclusão, dependendo da soma das penas.

O ex-presidente não está sozinho nessa. Militares, políticos e até um jornalista foram denunciados junto com ele, o que aumenta a complexidade do caso e a gravidade das acusações. O envolvimento de militares, em particular, é visto como um agravante, pois sugere o uso da estrutura do Estado para fins ilegais.

Prisão preventiva: quando Bolsonaro pode ser preso antes da condenação?

A legislação brasileira prevê diferentes tipos de prisão. A regra geral é que a prisão só ocorra após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso. No entanto, há exceções. A prisão preventiva pode ser decretada se houver risco de fuga, destruição de provas ou ameaça à ordem pública.

No caso de Bolsonaro, os especialistas apontam que a prisão preventiva pode ser uma possibilidade real. “Se houver um motivo concreto, como destruição de provas ou tentativa de fuga, a prisão preventiva pode ser decretada”, explica Leonardo Massud, professor de direito da PUC-SP. O Supremo Tribunal Federal (STF) já mostrou que não hesita em decretar prisões preventivas em casos de alta gravidade, como os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Condenação e regime fechado: o que acontece se Bolsonaro for condenado?

Se a denúncia for aceita pelo STF e Bolsonaro for condenado, ele pode ser preso e cumprir pena em regime fechado. Isso ocorre se a pena total ultrapassar oito anos, o que é bastante provável, considerando a gravidade dos crimes pelos quais ele foi denunciado.

As penas previstas são severas:

  • Golpe de Estado (Art. 359-M do Código Penal): 4 a 12 anos de reclusão.
  • Organização criminosa armada (Lei 12.850/2013): 4,5 a 12 anos.
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (Art. 359-L do Código Penal): 4 a 8 anos.
  • Dano qualificado (Art. 163 do Código Penal): 6 meses a 3 anos.

A soma dessas penas pode facilmente ultrapassar o limite de oito anos, o que tornaria o regime fechado obrigatório. Além disso, o fato de Bolsonaro ter ocupado o cargo de presidente da República pode ser considerado um agravante, resultando em penas ainda mais duras.

Risco de fuga: Bolsonaro pode tentar escapar?

Um dos fatores que podem levar à prisão preventiva é o risco de fuga. Bolsonaro já demonstrou certa aversão a enfrentar as consequências de seus atos, como quando deixou o país dias antes do fim de seu mandato. Se o STF considerar que há um risco real de ele tentar fugir do país, a prisão preventiva pode ser decretada.

Caso Bolsonaro deixe o Brasil, ele pode ser extraditado. A extradição depende de acordos internacionais e da solicitação formal do Judiciário brasileiro. No entanto, a decisão de extraditar um ex-presidente também envolve um fator político, o que pode complicar o processo.

O envolvimento de militares: um agravante no caso

O envolvimento de militares na trama golpista é um dos aspectos mais preocupantes do caso. A PGR destacou que Bolsonaro e seus aliados usaram a estrutura do Estado para tentar perpetrar o golpe, o que torna os crimes ainda mais graves. “Isso amplia a potencialidade lesiva do crime e pode justificar uma pena maior”, explica Massud.

Os militares denunciados junto com Bolsonaro também podem enfrentar penas severas, o que aumenta a pressão sobre o ex-presidente. O uso de instituições públicas para fins ilegais é visto como uma traição ao Estado Democrático de Direito, o que pode resultar em condenações exemplares.

Impacto político de uma possível prisão

A prisão de um ex-presidente não é um evento comum, e as repercussões políticas seriam enormes. Internamente, a prisão de Bolsonaro poderia dividir ainda mais o país, com seus apoiadores alegando perseguição política e seus críticos comemorando a justiça sendo feita.

No cenário internacional, a imagem do Brasil seria afetada. A prisão de um ex-presidente por tentativa de golpe de Estado seria um sinal de que o país leva a sério a defesa da democracia, mas também poderia ser usada por adversários políticos para questionar a estabilidade das instituições brasileiras.

O fim da linha para Bolsonaro

Bolsonaro está em uma encruzilhada. A denúncia da PGR é um passo crucial em um processo que pode definir não apenas o seu futuro, mas também o futuro da democracia brasileira. Se condenado, ele pode enfrentar décadas de prisão e o fim de sua carreira política.

No entanto, o processo ainda está em seus estágios iniciais, e muitos desdobramentos podem ocorrer. O que é certo é que o caso de Bolsonaro é um teste para as instituições brasileiras e um alerta para aqueles que pensam em subverter a democracia. A justiça precisa ser feita, e o Brasil precisa mostrar que ninguém está acima da lei.

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