Juiz federal confronta Trump por tentativa de restringir cidadania americana a filhos de imigrantes

Em decisão histórica, magistrado nomeado por Reagan acusa ex-presidente de ignorar Estado de Direito em busca de ganhos políticos

martelo de juiz batendo na mesa
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O embate jurídico sobre o direito à cidadania americana ganhou novos contornos nesta quinta-feira quando o juiz federal John Coughenour, de Seattle, proferiu uma decisão contundente contra Donald Trump. O magistrado não apenas manteve a suspensão do decreto presidencial que tentava restringir a cidadania por nascimento, como também acusou o ex-presidente de deliberadamente ignorar o Estado de Direito em prol de interesses políticos e pessoais.

Confronto constitucional

A decisão judicial representa um golpe significativo nas tentativas de Trump de alterar fundamentalmente as políticas de imigração americanas. O decreto presidencial, assinado em 20 de janeiro durante seu primeiro dia de retorno ao cargo, buscava limitar o direito à cidadania apenas aos filhos de residentes permanentes legais ou cidadãos americanos, uma mudança radical na interpretação histórica da 14ª Emenda da Constituição.

“Ficou cada vez mais evidente que para nosso presidente o Estado de Direito é apenas um impedimento para seus objetivos políticos”, declarou Coughenour, cuja nomeação para o cargo veio do ex-presidente republicano Ronald Reagan. Em meio a aplausos no tribunal, o juiz acrescentou que Trump trata o Estado de Direito como “algo para contornar ou simplesmente ignorar, seja para ganho político ou pessoal.”

Base legal da disputa

O processo que originou esta decisão foi movido por uma coalizão de estados democratas, incluindo Washington, Arizona, Illinois e Oregon, junto com diversas mulheres grávidas. Os demandantes argumentam que a ordem executiva de Trump viola diretamente a 14ª Emenda da Constituição, que historicamente garantiu cidadania a qualquer pessoa nascida em território americano.

Por sua vez, o Departamento de Justiça do governo Trump defende uma interpretação mais restritiva da emenda constitucional, argumentando que ela nunca foi concebida para garantir cidadania universal a todos os nascidos no país. Esta posição, no entanto, contrasta com décadas de jurisprudência e interpretação constitucional.

Implicações da decisão

A extensão da suspensão temporária do decreto tem implicações imediatas para milhares de famílias imigrantes nos Estados Unidos. A ordem original de Trump, programada para entrar em vigor em 19 de fevereiro, teria negado automaticamente a cidadania americana a crianças nascidas no país caso nenhum dos pais fosse cidadão ou residente permanente legal.

Próximos passos

Espera-se que o governo Trump recorra da decisão, embora a Casa Branca ainda não tenha se manifestado oficialmente sobre o assunto. O caso provavelmente seguirá para instâncias superiores, podendo eventualmente chegar à Suprema Corte dos Estados Unidos, onde uma decisão final sobre a constitucionalidade da ordem executiva seria determinada.

Contexto histórico

Esta disputa se insere em um contexto mais amplo das políticas de imigração linha-dura de Trump, que têm sido uma marca registrada de sua administração. A tentativa de restringir a cidadania por nascimento representa uma das medidas mais radicais já propostas em relação à interpretação da 14ª Emenda, adotada após a Guerra Civil americana para garantir direitos de cidadania aos ex-escravos e seus descendentes.

A decisão do juiz Coughenour não apenas preserva temporariamente o status quo constitucional, mas também estabelece um precedente significativo no debate contínuo sobre imigração e cidadania nos Estados Unidos. O caso continua a destacar as tensões fundamentais entre o poder executivo e o judiciário na interpretação e aplicação da Constituição americana.

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