Trump reafirma plano de controle americano sobre Gaza e propõe megaempreendimento no território palestino

Em nova declaração polêmica, ex-presidente dos EUA ignora críticas internacionais e detalha visão controversa para o futuro do território palestino

Cena da faixa de Gaza completamente destruída vista de cima
Reprodução: Jornal Nacional/TV Globo

Donald Trump intensificou nesta quinta-feira suas declarações controversas sobre o futuro da Faixa de Gaza, defendendo não apenas o controle americano do território palestino, mas também apresentando uma visão grandiosa de transformação da região em um megaempreendimento imobiliário.

O ex-presidente dos Estados Unidos, ignorando a crescente onda de críticas internacionais, detalhou seu plano em uma publicação em sua rede social Truth Social, gerando ainda mais tensão em um cenário já delicado.

A nova manifestação de Trump surge apenas dois dias após sua declaração inicial sobre assumir o controle de Gaza, feita ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Washington. Desta vez, o ex-presidente americano foi além, descrevendo um futuro no qual o território devastado pela guerra se transformaria em “um dos maiores e mais espetaculares desenvolvimentos desse tipo na Terra”.

“Eles realmente teriam uma chance de serem felizes, seguros e livres”, escreveu Trump, referindo-se aos palestinos que, segundo seu plano, seriam realocados para “comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas na região” do Oriente Médio. O ex-presidente enfatizou que sua visão não necessitaria do envolvimento militar americano, prometendo que “nenhum soldado dos EUA seria necessário”.

Trump ignora tratados internacionais e avança sobre Gaza

A proposta de Trump, no entanto, colide frontalmente com o direito internacional e provoca forte reação entre lideranças palestinas. O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, respondeu de forma contundente, conclamando a união das facções palestinas contra os Estados Unidos e afirmando categoricamente que “nenhum palestino deixará Gaza”.

A complexidade da situação aumentou quando a própria Casa Branca, através de sua porta-voz Karoline Leavitt, tentou amenizar as declarações do ex-presidente. Leavitt esclareceu que o deslocamento dos moradores não seria permanente e, principalmente, que o governo americano não arcaria com os custos da reconstrução de Gaza.

Em um desenvolvimento paralelo que parece dialogar com as declarações de Trump, o governo israelense, através de seu ministro da Defesa, ordenou às Forças Armadas a preparação de um plano para “saída voluntária” dos moradores de Gaza. Esta movimentação aumenta as preocupações sobre uma possível coordenação entre as visões americana e israelense para o futuro do território palestino.

A proposta de Trump para Gaza não surge isoladamente. Ela se soma a uma série de declarações anteriores do ex-presidente sobre controle territorial, incluindo suas manifestações sobre a Groenlândia, Canadá e Canal do Panamá. No final de janeiro, Trump já havia mencionado a ideia de “limpar” a Faixa de Gaza e transferir palestinos para países árabes, uma proposta que gerou forte repúdio internacional.

Repercussão internacional

A Organização das Nações Unidas já se manifestou categoricamente contra qualquer remoção involuntária da população palestina, ressaltando que tal ação constituiria uma violação do direito internacional. A posição da ONU reflete uma preocupação generalizada da comunidade internacional com o destino dos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza.

O silêncio de Netanyahu diante das declarações de Trump adiciona uma camada extra de complexidade à situação. O primeiro-ministro israelense, presente durante o anúncio inicial em Washington, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o plano americano, deixando espaço para especulações sobre possíveis acordos nos bastidores.

A visão de Trump para Gaza, que alguns analistas comparam a um projeto imobiliário em larga escala, remonta a ideias anteriormente ventiladas por seu genro, Jared Kushner, revelando uma continuidade no pensamento da família Trump sobre o futuro do território palestino.

À medida que a guerra em Gaza continua, com um número crescente de vítimas civis e uma crise humanitária sem precedentes, as declarações de Trump adicionam uma nova dimensão ao já complexo debate sobre o futuro da região. A transformação proposta pelo ex-presidente americano, longe de oferecer uma solução viável, parece amplificar as tensões e preocupações sobre o destino do povo palestino.

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