O vice-presidente nacional do PT e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, gerou polêmica ao defender Domingos e Chiquinho Brazão, réus pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018. Em uma publicação nas redes sociais, Quaquá afirmou que os irmãos foram usados como “bucha de canhão” e que não há provas contra eles, sugerindo ainda, sem apresentar evidências, que as investigações ocultaram vínculos entre os executores do crime e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As declarações do prefeito foram amplamente criticadas. Anielle Franco, irmã de Marielle, chamou o posicionamento de “inacreditável” e afirmou que irá apresentar denúncia à Comissão de Ética do PT. Segundo Anielle, a postura de Quaquá vai contra o governo e o partido.
“Minha família ainda chora todos os dias pelas nossas perdas e lutamos duramente para que a justiça fosse feita. Tirem o nome da minha irmã da boca de vocês!”, escreveu a ministra da Igualdade Racial.
Reação do PT e Outras Lideranças
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, repudiou as falas de Quaquá, afirmando que suas opiniões têm “caráter exclusivamente pessoal” e não representam o partido. Gleisi reforçou que o PT busca justiça para Marielle e Anderson desde o início.
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, também criticou Quaquá, afirmando que promover desinformação sobre o caso é “desrespeitoso” com a memória de Marielle e Anderson.
Histórico de Polêmicas de Quaquá
Conhecido por suas declarações controversas, Quaquá já gerou atritos dentro do PT em outras ocasiões. Entre 2021 e 2022, fez críticas à ex-presidente Dilma Rousseff, recebeu reprimendas públicas de Gleisi Hoffmann e foi criticado por posar ao lado do ex-ministro bolsonarista Eduardo Pazuello.
As recentes declarações de Quaquá sobre os irmãos Brazão intensificaram os pedidos por seu afastamento da direção nacional do partido. Apesar disso, tentativas anteriores de discutir seu desligamento foram rejeitadas pela direção da sigla.
Investigação e Contexto do Caso
Segundo a Polícia Federal, Domingos e Chiquinho Brazão são apontados como os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson. A Procuradoria-Geral da República argumenta que o crime foi motivado pela atuação da vereadora contra um esquema de loteamento em áreas controladas por milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Os irmãos Brazão estão presos desde março de 2024 e respondem no Supremo Tribunal Federal por homicídio qualificado e tentativa de homicídio.